SOPHIA E AS ARTES

ANA LUÍSA AMARAL, ISABEL PIRES DE LIMA e ROSA MARIA MARTELO

No Ciclo de Conferências Sophia e as Artes, que teve lugar na Fundação de Serralves e na Biblioteca Almeida Garrett entre 16 de Novembro e 14 de Dezembro de 2019, os diálogos da obra de Sophia de Mello Breyner Andresen com a música, a dança e as artes visuais foram objecto de leitura a partir de diferentes disciplinas e diferentes artes, assim se valorizando uma perspectiva interartística da obra da poeta. Este site dá testemunho dessas leituras.

A poesia de Sophia é a poesia das coisas sonhando com os seus nomes exactos, ou dos exactos nomes sonhando coisas, a poesia das utopias possíveis, com toda a inteireza que a poesia tem, na sabedoria de que “[é] possível construir um mundo justo”, de que “as cidades pode[m] ser claras e lavadas”. Quer nos poemas quer nos contos que escreveu para crianças e jovens, as palavras de Sophia emergem feitas poliedros de luzes ao lado do escuro – como se o sensível correspondesse a uma verdade. Por isso, tanto os seus contos quanto os seus poemas pertencem à mais ampla categoria de “poema imanente”. E eles podem ser tão povoados pela prece de um Cavaleiro, pedindo “a Deus que o fizesse um homem de boa vontade, um homem de vontade clara e direita, capaz de amar os outros”,  quanto pelo gesto ético de viver “atenta como uma antena”, de nunca esquecer.

Em todas as artes com que dialoga, Sophia identifica ritmos que se deixam apreender enquanto formas, e em todas as artes observa que só pelo movimento pode uma forma apreender os ritmos do mundo. No desenho, na arquitectura, na pintura ou na escultura – e na dança, naturalmente –, Sophia sempre desfaz qualquer ilusão de fixidez. E mostra-nos que, embora o movimento possa ser mais perceptível na música ou na dança, é sempre no movimento que radica o ritmo das artes porque é dele que emerge a “forma justa”, consubstancial ao universo. No poema “Beira-mar”, de O Búzio de Cós, o ritmo do verso de redondilha maior é surpreendido no vaivém das ondas: “A maré alta sete vezes cresce/ Sete vezes decresce o seu inchar/ E a métrica de um verso a determina”. Na ascensão e no espraiar da onda Sophia vê um ritmo que além de ser audível como medida de verso também é visível como escultura em movimento. E entre o visível e o audível surpreende uma experiência de plenitude e de acerto que a sua poesia mais do que criar procura registar. Esse “poema imanente”, que os versos deixam ouvir e ver como forma, Sophia descreveu-o como “o nome deste mundo dito por ele próprio”.

SITE SOPHIA E AS ARTES NO CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN


Produção: Fundação de Serralves e Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa da Fac. Letras da U. Porto (ILCML)

Design: Luís Sousa Teixeira



CICLO SOPHIA E AS ARTES NO CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN 

(16 NOV – 14 DEZ 2019)


Programação: Ana Luísa Amaral, Isabel Pires de Lima e Rosa Maria Martelo
Organização e produção: Fundação de Serralves, Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa e Biblioteca Municipal Almeida Garrett

Este portal foi desenvolvido e financiado por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, no âmbito do Programa Estratégico UIDB/00500/2020
DOI: https://doi.org/10.54499/UIDB/00500/2020